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Pós-graduandos analisam dinâmicas ambientais por meio de atividades de campo

Pesquisa

por publicado: 05/09/2025 14h15 última modificação: 05/09/2025 14h15

A disciplina de Dinâmicas Ambientais do Espaço Regional, do curso de pós-graduação em Dinâmicas Regionais: Natureza, Sociedade e Ensino, do Campus de União da Vitória da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) proporcionou uma imersão aos seus estudantes nos dias 23 e 30 de agosto de 2025. As atividades de campo, consideradas essenciais para a consolidação da teoria, levaram o grupo a conhecer desde a exploração mineral até a cosmovisão de povos indígenas que habitam a região.

 Mineração e Saneamento

No primeiro dia da expedição, 23 de agosto, o grupo foi recebido por Rodrigo Hobi, administrador da empresa Kerber – Mineração e Transportes, em Porto União (SC). Na visita, os estudantes conheceram as etapas de operação de uma pedreira e os múltiplos usos do basalto extraído, como na construção civil e em obras de infraestrutura. Na sequência, a experiência incluiu a análise de uma pedreira desativada em Cruz Machado (PR), permitindo a compreensão dos processos naturais por trás da disponibilidade das rochas hoje mineradas.

Ainda no mesmo dia, o geólogo Bolivar Luiz Menoncin Junior, da Sanepar, conduziu os visitantes pelas Estações de Tratamento de Água (ETA) e Esgoto (ETE) de União da Vitória. Além de conhecer o funcionamento do tratamento, os estudantes tiveram acesso a dados detalhados sobre o abastecimento local, como o monitoramento contínuo da qualidade da água e a gestão da rede em períodos de cheia e inundações no Vale do Iguaçu. Na visita, também se destacou o projeto socioambiental Jardim Água e Mel, iniciativa da Sanepar para o aumento da população de abelhas nativas sem ferrão.

 Viagem no tempo e na natureza

A segunda parte da expedição, no dia 30, teve início no Museu da Terra e da Vida da Universidade do Contestado (UnC), em Mafra (SC). Guiados pelos professores Luiz Carlos Weinschütz e Mauricio Rodrigo Schmit, da UnC, os estudantes fizeram uma "viagem no tempo", examinando rochas e fósseis que contam a história geológica da região e do planeta. A visitação foi classificada como fundamental para que os alunos pudessem entender os fatores que estruturaram o ambiente em que vivem.

Em seguida, o grupo seguiu para a Floresta Nacional de Três Barras (Flona), onde a agente administrativa Carina Meirelles apresentou as características ambientais e a gestão da Unidade de Conservação. A Flona também foi o cenário para o encontro com membros de duas tribos indígenas: os Xokleng e os Kaingang.

A ida à Flona permitiu uma imersão na cultura e no modo de vida de povos originários. O cacique Dili Copacã e sua esposa Rosenei Pedroso, junto de José Copacã, da tribo Xokleng, compartilharam aspectos de sua vida, destacando a importância da espiritualidade, a relação de pertencimento com a natureza e os desafios enfrentados, como a dificuldade de adaptação das crianças nas escolas da cidade. Os líderes convidaram os estudantes e a comunidade a conhecerem mais sobre a cultura indígena.

Na conversa com o cacique Gilmar Floriano, da tribo Kaingang, a reverência à natureza foi o ponto central. Ele e sua família mostraram aos visitantes objetos como arcos, flechas e artesanatos feitos com elementos naturais, além do bastão que, segundo o cacique, é usado para orientação espiritual em decisões da tribo e escolha de ervas medicinais para a cura de males. O líder também convidou o grupo para um evento cultural de sua tribo, reforçando a importância de divulgar a sua cultura.

 Relação teoria e prática

Os professores Anderson Rodrigo Estevam da Silva, Vanderlei Marinheski e Valquiria Brilhador, responsáveis pela disciplina, ressaltaram a importância das visitas.  Eles destacaram que a atividade, como recurso didático-pedagógico, foi fundamental para consolidar e extrapolar a teoria. Para eles, a expedição revelou a complexidade de uma região que acontece a partir de múltiplos pontos de vista sobre uma mesma base natural do atual sul paranaense e planalto norte catarinense.